Por Thaís Nicoleti
“Haverão mudanças, mas creio que serão pequenas.”
O verbo “haver”, no sentido de “ocorrer” ou “existir”, é impessoal.
Isso quer dizer que permanece na terceira pessoa do singular, pois não
tem sujeito.
A confusão é frequente não só na hora de escrever mas também na hora de
falar. Muita gente faz a flexão do verbo, como se seu objeto direto
fosse seu sujeito.
É possível que a origem do erro esteja na analogia
com os verbos “existir” e “ocorrer”. Estes têm sujeito – e, portanto, as
flexões de número e pessoa – e costumam antepor-se a ele. Assim:
Ocorrerão mudanças.
Existirão mudanças.
Com o verbo “haver”, a história é outra:
Haverá mudanças.
É importante observar que os verbos auxiliares assumem o comportamento dos verbos principais. Assim, temos o seguinte:
Deverão ocorrer mudanças.
Deverão existir mudanças.
Deverá haver mudanças.
Não se pode, no entanto, dizer que o verbo “haver” nunca vai para o
plural, pois isso não é verdade. Ele pode, por exemplo, ser um verbo
auxiliar (sinônimo de “ter” nos tempos compostos), situação em que pode
ir para o plural. Assim:
Eles haviam chegado cedo.
Eles tinham chegado cedo.
Como verbo pessoal (com sujeito), pode assumir o sentido de “obter”:
Houveram do juiz a comutação da pena.
Como sinônimo de “considerar”, também tem sujeito:
Nós o havemos por honesto.
O mesmo comportamento se observa quando empregado na acepção de “comportar-se”:
Eles se houveram com elegância diante das críticas.
O plural também pode aparecer quando usado com o sentido de “lidar”. Assim:
Os alunos houveram-se muito bem nos exames.
Fique claro, portanto, que é no sentido de “existir” e de “ocorrer”,
bem como na indicação de tempo decorrido (Há dois anos...), que o verbo
“haver” permanece invariável. Assim:
Haverá mudanças, mas creio que serão pequenas
Fonte: UOL Educação
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